sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O sabor oculto da derrota

Eu gostaria de ver o campeão da São Silvestre, abandonar a corrida, metros antes da chegada.Simplesmente, para mostrar ao mundo que é possível continuar vivo, sem aquela grande vitória. Eu gostaria de ver o poderoso no litígio, abrir mão de seus direitos, e perder- propópistamente ao seu humilde questionante. Eu gostaria de ver aquele grande milionário, num momento de magia, fazer um cheque de um milhão e presentear aquela família necessitada. Eu gostaria de ver aquele rico credor rasgar aquela nota promissória e devolvê- la abraçando ao seu pobre emitente.Eu gostaria de acompanhar, no final da luta aquele que tombou na lona, no seu discreto recolhimento, ao camarim de sua amargura. E dizer- lhe, que para mim, ele foi o vencedor. Eu gostaria, de, no dia do natal, ao meio dia, dormir no banco da praça, com a barriga vazia.Simplesmente, para verificar, se realmente, os banquetes são imprescindíveis.Eu gostaria de ver os homens amarem, incondicionalmente, sem pressionar, sem obrigar, sem ferir, sem exigir. Eu gostaria de ver os homens compreenderem que o verdadeiro amor é incondicional.Aliás- o amor é a única coisa, que mesmo não possuindo nenhum, podemos distribuí- lo, gratuitamente e abundantemente.Eu gostaria de cerrar fileiras, Junto aos necessitados,Junto aos injustiçados,Junto aos famintos,junto aos pobres.Para sentir em meu próprio ombro, o peso de seus fardos.E descobrir o segredo de sua obstinação.Da obstinação de viver. Da obstinação de lutar.Da obstinação de continuar...Talvez aí eu encontrasse o verdadeiro homem. E talvez, então, eu pudesse dizer para o mundo, que aqueles fardos, para a alma humana, não são tão pesados assim.

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